Bloco do Beco nas mídias
"Cadeia de Favores - CQC" - Bloco do Beco desbravando o melhor do humor com com seu trabalho
"Ação e Cidadania | Associação Bloco do Beco - TV Câmara" - Carnaval e Formação
O Bloquinho da Periferia: Galera do funk cai no samba pelas quebradas da zona sul de São Paulo
"Novo Programa de Extensão e Rede do Museu Afro Brasil estreita relações com jovens organizações negras e periféricas da cidade - Secretaria da Cultura "
Produções próprias do Bloco
Contamos também com um acervo de produções próprias dos nossos participantes e parceiros.
Produções internas do Bloco do Beco
Foi o bloco mais bonito da cidade
Flores a brotar nesse jardim
Morada minha
Ainda posso ouvir o repique da caixa
A marcação do surdo
As furilas do tamborim
A força das vozes femininas
O coro da multidão colorida
De abraços, beijos e amigos
Alegria de carnaval é te olhar na dispersão
Mirar teu sorriso discreto e sem jeito
Vontade de te levar pra casa
Te mostrar outras fantasias
Daquelas que não vão pra avenida
E quem sabe ganhar nota dez
No quesito evolução e harmonia
Apoteose de sentidos
Na passarela do nosso samba
Quantos sonhos cabem nesse fevereiro?
Das resenhas nas rodas de samba
Na palma da mão
Brindes que consagram o momento
Em meio a cantorias já desafinadas
Na sinceridade da partilha
Aqui, nesse pedaço de chão que nos unifica
Ibira-poeira.
Sou foliã
De fantasia, confete e purpurina
De samba miudinho no pé e sorriso fácil
Naquele charme
Do tipo moleca-marota-faceira
Sou foliã
Livre, leve e solta
Totalmente entregue, arrepiada
Em lágrimas de felicidade:
– É o bloco mais bonito da cidade.
Do Beco.
Eu sou.
Poesia: Jenyffer Nascimento
Bem-vindos ao Jardim São Luiz. Aqui temos:
– Uma das quebradas com o maior peso cultural de São Paulo.
– Um dos blocos de carnavais de rua na periferia que mais cola gente.
– Instituições sociais que não deixam nossas crianças e adolescentes desassistidas.
– Samba pra caramba. Um dos bairros onde deuses e deusas do samba descansam.
– Tem rolê bacana para todos os gostos e todos os tipos de geração.
– Gente em quem podemos confiar.
– Tem solidariedade em tempos de PANDEMIA pra conter o contágio de quem não tem como se sustentar.
– Movimento negro fortíssimo e muito atuante.
– Movimento das minas.
– Movimento das monas.
– Tem batalha pra quem é de batalha, sarau pra quem é de sarau.
– Tem Baile Funk no Inferninho
– Tem Reggae na Bomba.
– Samba no bar do Ceará.
– Forró no Ibira Show
– Coletividade.
– Piscina na favela.
– Futebol de várzea se destaca.
– Professores embaçados.
Tudo isso depois de sermos um dos bairros do triângulo da morte nos anos 90. E muita gente ainda não conhece a história de onde pisa… Vamos falar de memória no território?!
Texto: Lenon Farias
Para nós aqui da região, é quase automático responder com “o ponto final do Jardim Ibirapuera”, de onde saem os ônibus e onde se concentram boa parte dos comércios do bairro. E é nesse ponto, de movimentação constante, que reside (e resiste) também um de nossos espaços.
Eu não conseguiria nem arriscar um número de quantas pessoas passam por ali por dia, mas sei que são muitas, cada uma com suas histórias. Quantas histórias será que já aconteceram ali, naquela região central do bairro? Porque as pessoas passam, mas as histórias sempre ficam. Você tem alguma história para contar?
Eu tenho. Já ouviu falar da Associação de Moradores do Jd. Ibirapuera e Vilas Adjacentes? Hoje, nosso ponto de cultura é em seu espaço e trabalhamos muito para dar continuidade a um propósito que foi firmado há anos atrás.
A Associação de Moradores, de mais de 50 anos, protagonizou muitas das lutas por direitos fundamentais da região, como saneamento básico, iluminação pública, transporte e educação. E foi em sua sede que surgiu a tão conhecida Escolinha da Tia Maria, que faz parte da história de tanta gente deste bairro.
Este sempre foi um espaço de acesso à educação, à cultura, à arte, à brincadeira e ao cuidado. Para muitas gerações o único espaço de aprendizado, cuidado e desenvolvimento infantil da região. Um espaço seguro que construiu sua trajetória na garantia do acesso à educação e ao brincar, direito de toda criança.
Hoje, no mesmo espaço físico, o Bloco do Beco atua na garantia de acesso a bens culturais e na formação de crianças e adolescentes através da arte-educação, mas é sobretudo um lugar de acolhimento, convivência comunitária e lazer.
As histórias não só permanecem, elas também se conectam.
Texto: Sabrina Lana
Link do vídeo:
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O Jd. Ibirapuera sempre foi berço de talentos musicais, pessoas que amam a música, amam festejar e alegrar o nosso povo. Assim, era Francisco Miguel de Paula, conhecido pelo nome artístico e apelido carinhoso de “Seu Escurinho do Acordeon”, com uma carreira musical de mais de 50 anos e um coração gigante.
Quem conheceu Seu Escurinho não esquece de sua presença alegre e da enorme paixão que tinha pela sanfona, o orgulho de ser tocador e conhecedor de música, do forró ao bolero. Sua partida é dolorosa para nós, perdemos um grande patrimônio da cultura popular, um mestre que seguia a tradição de Luiz Gonzaga, de quem era exímio admirador.
Sr. Escurinho nasceu em Minas Gerais e chegou ao bairro em 1963. Começou tocando cavaquinho e depois foi para a sanfona, nos contou que tocava nas lavouras em uma época em que quase ninguém tinha rádio e o único acesso a música eram nas festas. Sempre muito elegante, se apresentou em diversos espaços culturais da cidade de São Paulo, solo ou acompanhado de seu trio.
Para nós do Bloco do Beco, fica difícil encontrar as palavras para prestar essa singela homenagem. Em 2020, tivemos a honra de tê-lo abrindo o nosso carnaval de rua, momento em que a velha guarda e os mais novos estiveram lado a lado; a união de tambores com sanfona nos faz ter a certeza que alguns encontros não são por acaso. Cultura e vida não se separam. E agora, como vamos ficar sem o nosso véio Chico?
Celebramos a vida de Seu Escurinho do Acordeon que chegou aos 83 anos de idade, como ele mesmo dizia, muito bem vividos. Um exemplo de vitalidade, alegria e lucidez. Reconhecemos que em um país racista como o Brasil, um homem negro envelhecer com saúde, rodeado da família e amigos é algo que foge às estatísticas, mas que deveria ser o normal.
Do nosso mestre e amigo, ficarão seus ensinamentos e a saudade de sua linda história.
Aos amigos e familiares nossos mais sinceros sentimentos. Quando tudo isso passar, faremos uma grande festa e nos comprometemos a celebrar a memória de Seu Escurinho todos os anos no dia do seu aniversário.
Viva ao forró, viva a tradição, viva a cultura popular, negra e nordestina!
Viva ao Seu Escurinho do Acordeon!
Como contar uma história, se não do início?
A Associação Cultural Recreativa Esportiva Bloco do Beco é uma organização que tem como missão garantir o direito de acesso à cultura para a população de nosso território, unindo as tradições populares, o fazer comunitário, os grupos culturais e educadores na perspectiva integrada da arte, cultura e educação. Em meados de 2006, em meio a uma crise financeira, fomos despejados da antiga sede alugada e, na busca por uma nova morada, chegamos na Favela da Erundina.
Aqui nos foi dada a tarefa de ressignificar um espaço com um trágico histórico de morte e violência e transformá-lo em ferramenta para que a história não se repetisse. Em 2007, iniciamos as atividades na nova sede do Bloco do Beco, localizada em frente ao campo de futebol da favela.
Bloquinho do Brincar
Em 2008, observando o campo de várzea em frente a nova sede, grande quintal comunitário, que se iniciou o sonho de um espaço onde as crianças pudessem aprender brincando. Nos deparamos com a auto organização das crianças que circulavam naquele território, elas brincavam com o que traziam de sua cultura, ressaltando os saberes, hábitos e crenças provenientes de suas famílias vindas de vários Estados do Brasil. Ali estava o brincar, mas em um espaço ausente de cuidado e de orientação.
Assim nasce o Bloquinho do Brincar, criado com o propósito de ser um espaço da cultura da infância acessível a todos, promovendo ações em rede com os atores comunitários comprometidas com o resgate da cultura popular, abrangendo temáticas de gênero, racial, políticas de direitos e cultura familiar. Um lugar organizado e pensado para as crianças, composto por uma brinquedoteca, uma biblioteca e um ateliê, onde a brincadeira era utilizada como referencial para todas as práticas metodológicas.
Pássaros tem asas, pessoas tem livros…
No decorrer do trabalho desenvolvido no Bloquinho do Brincar foi se estabelecendo a necessidade do incentivo e da proteção da leitura. Assim iniciamos a transição do Bloquinho do Brincar para a Biblioteca Comunitária Luiza Erundina, nome escolhido em homenagem a prefeita que proporcionou às famílias da comunidade uma terra para ocupação.
Sabemos que o acesso ao livro não é democratico, as bibliotecas não são próximas e muitas vezes tem poucos livros para crianças e adolescentes. Escolhemos propiciar um espaço feito para as crianças e os adolescentes da nossa comunidade que levem em conta as suas histórias, o jeito de ser da nossa criançada e ao mesmo tempo tenha ações de apoio ao desenvolvimento da leitura, para que eles tomem gosto pelos livros, pois o livro não precisa ser só didático não é mesmo, ele pode ser uma grande aventura.
Também queremos que nossas crianças tenham acesso a livros que eles vejam, que contem histórias maravilhosas sobre a população negra e nossa diáspora, sobre a valorização da nossa cultura. Que conheçam as histórias dos povos indígenas e sua cultura. Que a diversidade que existe em nosso mundo, promovendo futuramente jovens conhecedores de seu mundo.
Sonhamos com a possibilidade de fazer do Jardim Ibirapuera uma comunidade leitora, onde o acesso ao livro e ferramentas de leitura sejam democráticas e para todo mundo. E claro, uma biblioteca propicia um espaço gostoso e encantador para navegar nas histórias, imagens e viagens que a leitura pode nos proporcionar.
A literatura é a oportunidade de sonhar com novas possibilidades de vida ou simplesmente viajar na magia da aventura, acreditamos que toda criança tem direito de sonhar!